– O passaporte, por favor.
– Pois não.
– Senhorita, essa é a sua carteira de trabalho.
Tudo bem, tudo bem, sem desespero, a Polícia Federal não é o juízo final. Entrego o passaporte, ele sorri, deseja boa viagem e lá vou eu. Nove horas de vôo na classe econômica, o passageiro da frente praticamente sentado no meu colo, 007 passando na tv, James Bond no avião dele, eu no meu. Vamos subindo, as luzes ficando pequenininhas lá em baixo, eu na janela – curiosidade: Salvador é dividida em duas partes, as primeiras luzes são ordenadas, formam retângulos, tipo planilha de excel. O resto é um emaranhado só. Do meu lado, uma cadeira vazia – oh – deitei e dormi. Só acordei com a chegada do jantar, o comissário me perguntando coisas em inglês – hã? – até que, trac, tudo pulou. Turbulência, eu acho. A nave tremendo, as luzes ocilando e aquela ligeira sensação de queda livre, que virou uma grave sensação de queda livre, o comandante no auto-falante: senhores passageiros, apertem os cintos. Não era para ele dizer algo apaziguador, tipo, mantenham a calma, está tudo sob controle? Algumas malas caindo no chão, as crianças chorando e eu tentando comer mas o prato não parava quieto na mesinha. O avião do James Bond pegando fogo e caindo até a hora em que a tv desligou, junto com a luz. E o pior: o meu jantar sumiu! Durou uns cinco minutos, muita gente passou mal. Depois os comissários trouxeram remédios, cobertores, travesseiros e nenhuma comida. – I need comer food. I have fome. I don’t jantei. – What? – Deixa pra lá.
Depois aterrizamos na terra mais fria que meus pés já experimentaram. E eu lá, arrastando aquela mala de 30 quilos pelo aeroporto no melhor estilo Penélope Cruz, em Volver, na cena em que ela passava pela rua com um cadáver inteiro escondido na sacola, de salto, indefectível, meu nome é elegância. Pego a fila para a Polícia Federal novamente, respiro fundo, muito natural, cara de quem faz isso todos os dias:
– Passaporte, por favor.
– Pois não.
– Senhorita…
– Sim???
– Boa estada.
– Obrigado, obrigado.
Nunca tinha chegado sozinha a um lugar onde ninguém me esperava. Ninguém. No saguão, famílias se espalhavam com cartazes, gritinhos, presentes. Faziam festa aos parentes regressos. Nada daquilo era pra mim, eu sei. Mas era como se fosse.
Vôo 745
março 5, 2009 por marianamiranda
Como é mesmo o nome dakela série de filmes que faz paródia com os outros? Mari, vc precisa vender esse do James Bond!
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Liga, não, amiga …
Na sua volta, prometo dar gritinhos hauahauha
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DEPOIS DE MUITO PROCUARAR, CONSEGUI COMENTAR….
LÔRA, A SAUDADE AUMENTA A CADA DIA,MAS SABER Q VC REALIZOU UM SONHO SEU É MAIS PRAZEROSO AINDA…
N PRECISA NEM TE DIZER O QTO TE GOSTO NE?
MANDA NOTICIAS DO MUNDO DE LA
BJINHOS
POSA
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Mary. Mesmo imaginando que as recepções e gritinhos eram prá vc, imagino a sensação de abandono que vc deve ter experimentado. Enfim…temos que fazer piadas com nossas faltas, fossas, fraquezas, não é mesmo? E um dia bem mais próximo do que vc imagina, esta gandaia toda será “mesmo” prá vc…vitoriosa, vibrante, vitaminadaaaaaaaaa! Segura a onda ai!
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Amigaaaaa, essa turbulência tinha que marcar justo sua viagem, não podia ser no vôo do vizinho….E vc continuou com fome, precisando de comida….
Que as turbulências da vida não te façam recuar, mas seguir adiante confiante de que Deus está na direção do teu barco, do teu vôo, da tua estrada,…..
Bjs,
Fica com Deus!
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Afff amiga!!
Q caos esse vôo!!
Mas, vai valer mt a pena!!
Não deixa de atualizar o blog.
Saudades mil!!!!!!!!!!
Bjs!!
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Mariana,
Boa sorte em sua nova caminhada.
Abcs.
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