Dia de reunião de pauta sempre me lembra o drama-infantil-da-escolha-do-sorvete. Eu sei que você também já passou por isso. Acho que é uma espécie de rito de passagem ocidental: quando os pais escolhem um belo domingo de sol para levar seus filhos a uma sorveteria. Eles entram numa grande fila, apontam para uma tabuleta e dizem: “vai escolhendo o sabor enquanto não chega a nossa vez”. E pronto.
A criança vai ficar durante dez minutos olhando para aqueles 100.000 sabores, para todas aquelas possibilidades, e tem que escolher apenas um. E renunciar aos outros 99.999. A fila chegando ao fim, os pais impacientes perguntando “e aí? do que você quer?” e o coitado lá, torturado, angustiado, com o coração apertado, responde aleatoriamente: quero flocos.
FLOCOS.
De um universo de tantas escolhas possíveis, qual você quer? A mais sem graça, por favor. E vai do balcão para a mesa olhando em volta, vendo as outras crianças com cascalhos absolutamente coloridos, um mundo de opções desperdiçadas, assunto para anos de divã.
Não sei dizer quantos psicopatas a sociedade já produziu graças a este tipo de trauma – aonde está a Unicef que não se manifesta? – o fato é que toda reunião de pauta sempre me parece uma espécie de sorveteria onde minha mãe me perguntaria “do que você quer?” – entre as infinitos fatos interessantes que acontecem no planeta simultaneamente a cada minuto, você vai querer escrever sobre qual?
Eu não sei. E eu sofro. Penso nas possibilidades, teorizo, mordo o cotovelo e peço… flocos.
Rs.
É isso. Para quem decidiu passar a manhã escrevendo sobre a TECNOLOGIA UTILIZADA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DOS IMPOSTOS ARRECADADOS POR MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE, bom dia.
[…] Voltamos à questão do sorvete de flocos. […]
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rsrsrsrs..faz parte!
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Acho que meu sorvete de flocos não é tão sem graça: vem com cobertura…
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