A Pensão do Amor é um bar de Lisboa inspirado nas casas de baixo meretrício da década de 30. Na porta, não há nenhuma placa indicativa. Nem precisa: como não reconhecer a luz vermelha e a fachada aos pedaços? Depois de sobreviver ao terremoto de 1755, o edifício passou a ter quartos alugados à hora a prostitutas e marinheiros de todo o mundo. Depois, foi ocupado por moradores de rua. Por fim, passou a acumular lixo, muito lixo. Até que uma empresa chamada Mainside decidiu comprar e esvaziar o imóvel.
Reconstruíram ambientes, restauraram balcões, espelhos e adereços da época. Uma proposta interessante por não forçar nenhum tipo de glamour – tudo continua decadente e caricato, com aquela aura melancólica e turva que estes lugares carregam. Desde as poltronas de veludo, às cortinas de lantejoulas até à recriação dos cartazes de cabaret: “Judite será implacável” ou “Valéria vai levá-lo à miséria”.
Hoje, no salão principal, há um palco minúsculo onde acontecem shows de cancan e apresentações burlescas. Artistas reúnem-se e turistas frequentam o local. Agora, nos quartos dos fundos funcionam escritórios, galerias, agências e estúdios. Tudo é limpo, calmo e bem frequentado. Quase como qualquer outro bar.
Porém, as casas têm alma. E, se é verdade que a energia de um lugar segue latente nas suas paredes, ecoando pelos corredores, existe ali qualquer coisa. Uma melancolia fina, uma tristeza antiga.
Muitos museus da Europa expõem as casas de reis e rainhas, os quartos de duques e duquesas. Esse é uma pequena mostra dedicada aos casais não-colunáveis. Um passeio ao submundo dos pobres e clandestinos, um turismo da vida real. Enfim, um museu sobre a verdadeira história do amor em Lisboa.








Pensão do Amor, Rua do Alecrim, 19 – Lisboa, Portugal
(Foto: Lisboa, 02 de janeiro de 2017, 10 graus)
Um texto cheio de alma!
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