Um filme pode ser classificado em todos os gêneros ao mesmo tempo? Se o meu ano de 2016 virasse cinema, seria um caso para se estudar.
Poderia começar como um típico filme iraniano, bem lento e complexo, onde doutores dissertam por dias sobre filosofia debaixo de uma árvore. Depois, migra para filme americano dos anos 70, bem Woodstock, com música, protesto, bomba e estudante apanhando da polícia.
Aí, de repente, vira comédia. Comédia romântica, com cena clássica de festinha retrô, reencontro em aeroporto, de grávida tendo parto dentro do taxi e criança abraçada com cachorro. Humor hollywoodiano e final feliz.
Mas aí não era o final. Continua e vira um filme policial. Ataque cibernético, rastreamento online. Perseguição, bandidos, corredores cheios de gente, mulher fugindo de sequestro, correndo entre os carros e se escondendo numa cabine. Encolhida no chão. Chorando. Com um bebê nos braços. Então, para coisa ficar ainda mais surreal, o drama vira ficção científica: do nada, humanos embarcam com roupa de astronauta. Sobem 2 mil metros abissais, numa paisagem de gelo, deslizam num trenó puxado por cachorros. Última cena: protagonista entra num iglu. Aí acaba.
Seria um sucesso de bilheteria. Certamente 2016 teria uma classificação para maiores de 18 anos, por que não foi um ano para iniciantes. Aliás, acho que os menores de idade deveriam continuar em 2015 aguardando chamarem a senha para o reveillon.
Trilha sonora: Ed Sheeran (Photograph) e Maria Bethânia (Mortal Loucura). Fotografia: Yann Arthus-Bertrand, diretor do filme Humano. Cenografia: Luiz Fernando Carvalho, diretor de Velho Chico. Arte: Emma Watson. Argumento: Papa Francisco. Efeitos especiais: jogadora Marta. Participação especial: José Mijuca.
Agradecimentos: ao Divino, que caprichou no roteiro. Nada a pedir. Só a agradecer.