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Ideia de felicidade

“Eu já vivi muita coisa e agora acho que descobri o que preciso para ser feliz. Uma vida calma e sossegada no campo com possibilidade de ser útil a pessoas as quais é fácil fazer o bem, que não estão acostumadas a serem servidas e trabalho que se espera ser útil. Depois descanso, natureza, livros, música, amor pelo próximo. Essa é a minha ideia de felicidade. E aí, acima de tudo isso ter você como companheira e filhos talvez. O que mais o coração de um homem pode desejar?” 

(Leon Tolstói / Felicidade Conjugal, 1859)

(06 de novembro de 2020, sítio)

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Uma singela festividade

Ontem, os correios deixaram aqui um lote de guardanapos de linho. Quarta, uma caixa de velas azuis. Semana passada, deixaram um lote de envelopes e cada encomenda entregue na minha porta me faz lembrar de todas as coisas que não chegaram a acontecer. Olha, que desgosto.

Sei que pandemia atrapalhou os planos de todo mundo. Mas, talvez por possuir um repertório robusto de cancelamentos inexplicáveis, eu fiquei especialmente decepcionada pela suspensão de um pequeno evento meu. Já contei para vocês que eu já me formei QUATRO VEZES e não estive presente em NENHUMA das minhas festas de formatura? Pois. Eu já escolhi vestido e ensaiei discurso em QUATRO momentos diferentes da minha vida e estive dramaticamente ausente de todos eles por motivos inspirados em realismo fantástico. Fatos inacreditáveis. Nem vou tentar explicar.

Então, este ano, surgiu a oportunidade de fazer uma festa. E isso me pegou de surpresa. Seria o destino me oferecendo uma redentora quinta oportunidade? Seria finalmente a minha chance de protagonizar um modesto festim? Talvez. E o que foi que eu fiz em janeiro de 2020? Escolhi vestido e ensaiei discurso.

HUAHUAHUA

HUAHUAHUAHUA

HUAHUAHUAHUAHUA

HUAHUAHUAHUAHUAHUA

HUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHA

O meu otimismo é a minha derrota, gente.

HUAHUAHUAHUAHUAHUA

(Tenham paciência comigo. O humor é a delicadeza do desespero, diria Boris Vian).

E aí a pandemia chegou. Mas não dava para simplesmente adiar o evento, querida? Não. Inclusive, já devolveram o dinheiro, pois a igreja foi interditada para uma longa reforma e o hotel da festa FALIU E FECHOU. Apenas. E o que me sobrou de tudo isso foram essas encomendas sendo soturnamente deixadas na minha porta, numa espécie de metáfora mal assombrada de tudo na minha vida que poderia ter sido e não foi.

Hoje, ciente de que nem toda teimosia do mundo pode mudar o destino, eu cheguei à conclusão de que esta singela festividade NÃO ACONTECERÁ JAMAIS e resolvi mostrar para vocês um pouco de tudo o que eu tinha planejado. Era uma festa tão linda, poxa. Vamos comemorar comigo? Você é meu convidado.

Seja bem-vindo ao meu lugar preferido de Salvador (não me perguntem por que esse hotel lindo fechou, eu também não sei). Vamos à área da piscina, onde estão todos esperando.

Agora você pode escolher um dos vinte lugares na grande mesa do jardim (essas velas azuis estão aqui encaixotadas, não sei o que fazer com elas. Os candelabros dourados eu devolvi).

Eu estarei te esperando perfumadíssima vestindo esse traje de linho rústico. Dessas roupas ligeiramente épicas, mas confortáveis como um pijama. Eu estarei feliz e falante. Vou perguntar se você quer uma bebida.

O garçom vai te servir um drink lilás que eu aprendi a fazer no Youtube: ele é feito com lavanda, coco e limão. O gelo é decorado com flores comestíveis.

E vão te servir uma fatia do bolo feito com flores de açúcar que imitam as pinturas de Monet.

Será uma noite leve e divertida. Eu vou reunir a todos para agradecer a presença e fazer piadas. Vou contar da noite em que fecharam os portões e eu fiquei trancada dentro da faculdade. Vou contar dos congressos e viagens. Vamos brindar cantando na beira da piscina e você vai gostar de estar ali.

Numa certa hora, você vai até cantar comigo. A gente vai gargalhar.

E, quando ficar tarde, por fim, a gente vai se despedir. Na saída, será entregue uma lembrancinha: são fotos de cada convidado que foram feitas em segredo durante o evento. Espontâneas, capturadas de longe. Naturais, como tudo que é bom nessa vida.

E todo mundo vai voltar para casa feliz.

Enfim, essa seria a minha festinha. Tomara que você tenha gostado.

Obrigada por ter vindo, caro leitor. Que bom dividir ela com você. Um brinde aos planos impossíveis, a tudo que a gente guarda só para si quando queria tanto compartilhar.

E aos sonhos que resistem por pura teimosia. Obrigada pela presença e volte sempre.

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