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Posts Tagged ‘faculdade’

Tenho uma professora que é muito inteligente. Dessas pessoas que leu muito, escreveu muito, viajou muito. Sempre quis saber como ela conseguia administrar tantas atividades – por que eu não consigo administrar nem a minha geladeira – mas tenho tentado me educar a não fazer perguntas desnecessárias. Sempre que pensava no fato de que ela, na minha idade, já tinha lido dez vezes mais do que eu, ponderava que eu tenho duas crianças pra criar, casa, trabalho e não se pode ter tudo nesta vida.

E esse sensato consolo bastaria a qualquer pessoa que não tenha um baratino maluco por informações supérfluas. Na primeira oportunidade: professora, como você conseguiu?

Ela achou graça e respondeu que bebia muito café. Especialmente depois do parto dos SETE FILHOS e da chegada dos DOZE NETOS, já que administrar a família, PALESTRAR PELO MUNDO, GANHAR PRÊMIOS e ser UMA REFERÊNCIA INTERNACIONAL tornavam a rotina meio cansativa, então uma xícara de café era um santo remédio.

Enfim. Agradeci a resposta.

Eu e as minhas perguntas desnecessárias.

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– Pró, se eu não conseguir apresentar o trabalho Marketing de Entretenimento, acontece o quê? Tipo assim, no dia da dança, se acontecer alguma coisa.
– Não vai acontecer nada, M., vá sentar no seu lugar.
– Mas, tipo, se o disjuntor da faculdade quebrar?
– Alguém conserta ele.
– E se pegar fogo?
– Sei lá, chama os bombeiros.
– Se os bombeiros não chegarem?
– Chama por Deus!
– E se Deus nunca vier???

Boa pergunta. Né? De fato. Você quer que eu te diga exatamente o quê, M.? Você passou o semestre todo dando risada sozinha olhando para o celular. Nada contra. Mas, como te ajudar agora? Eu fico na dúvida. Eu não sei. Essas perguntas difíceis no meio do expediente, eu vou te falar o seguinte: se Deus não vier, a coisa vai complicar, M. Já não está fácil para ninguém. Você não sabe da missa um terço. Problemas diversos, amiguinha. Que nem mesmo incluem entretenimento, dança e bombeiros. Infelizmente. Eu realmente espero que Deus compareça quando convocado por que, nesta altura dos acontecimentos, está difícil pensar num plano B. Sem incêndio nenhum, a coisa já está abafada o suficiente, correto? Dificuldades extremas para manter a programação normal. Então, vamos sentar, assistir aula, sem perguntas metafísicas, ok? O Divino há de dar as caras. Suponho. E o próximo que perguntar alguma coisa está automaticamente reprovado.

Enfim. Só pensei.

Eu estou trabalhando demais. É isso o que eu acho.

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A primeira aula da faculdade começa às sete da manhã e já é preciso ligar para a enfermaria por que um dos meninos subiu na cadeira pra mexer no ar condicionado e despencou. Desminto que a professora da noite está tendo um caso com o bibliotecário, distribuo a correção das provas e garanto que não há nada de sobrenatural no fato do novo papa se parecer com o Mestre dos Magos, de Caverna do Dragão. Uma das moças se exaspera ao ouvir que o garoto propaganda da Bombril morreu e recolho a rifa para o sorteio do diário roubado de uma das colegas. Um dos alunos me pergunta, muito sério: pró, será que vai chover?

Reflito.

bombril

(E eu ainda tenho que ir para o expediente do escritório. E tenho que entrevistar um deputado – de novo. Ele mudou de opinião e quer dar outra entrevista. E tenho que sair de lá às duas para assistir a matéria especial do doutorado sobre “o estudo do objeto, da essência e da coisa”. E, depois, ir à outra faculdade para dar uma aula na graduação de Direito, depois tem orientação de tese com quatro equipes de formandos que estão em desespero e choram, choram, choram e, no fim da noite, tem outra aula na graduação de Jornalismo e três na graduação de Publicidade, onde tudo o que eu digo/faço/ensino em sala vira jingle com coreografia no Youtube).

Mas ainda são sete da amanhã. E tem esse rapaz me perguntando, afinal de contas, se vai chover.

Respondo, sorrindo, que existe uma possibilidade de 32,5% de que chova. No máximo, de 33%. Especialmente entre às treze horas e às quinze e quarenta e cinco.

Bombril (1)

É isso.
Desafetos variados, não me roguem nenhuma praga hoje. Porque, acreditem em mim, não precisa.

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