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Posts Tagged ‘aniversário’

Ideia de felicidade

“Eu já vivi muita coisa e agora acho que descobri o que preciso para ser feliz. Uma vida calma e sossegada no campo com possibilidade de ser útil a pessoas as quais é fácil fazer o bem, que não estão acostumadas a serem servidas e trabalho que se espera ser útil. Depois descanso, natureza, livros, música, amor pelo próximo. Essa é a minha ideia de felicidade. E aí, acima de tudo isso ter você como companheira e filhos talvez. O que mais o coração de um homem pode desejar?” 

(Leon Tolstói / Felicidade Conjugal, 1859)

(06 de novembro de 2020, sítio)

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O WordPress me escreveu informando que este blog completa 10 anos hoje. Pareceu um mérito impressionante, em pleno 2017, ter um blog ativo.

Lembro vagamente que a página nasceu de um exercício banal da universidade. Depois virou portfólio de crônicas, depois diário de viagens, depois arquivo de resenhas literárias e não sei bem qual o papel que ele exerce hoje em dia, tipo circo do interior: se reinventando pra sobreviver. Devo reconhecer que mantive com ele uma relação mais estável do que com 95% das pessoas à minha volta. Alimentei sempre. O blog é isso, o meu cachorro virtual.

Honestamente, não sei mais dizer qual o perfil do leitor de agora – internet é tipo igreja, né, sempre de portas abertas. Cada vez mais gente de mais longe se aproxima e é bom conhecer pessoas novas, tem cidadão que surgiu por aqui e, hoje, assalta a minha geladeira semanalmente, há os desconhecidos que me abordam na rua decepcionados: a cara é a mesma, mas te imaginava vestida de preto e coberta de tatuagens. Teve conteúdo que virou peça teatral, matéria de revista e até objeto de estudo em universidade de São Paulo. O blog virou também um desses arquivos que eu mesma consulto pra lembrar o nome de um livro, a data de um evento e acabo revivendo pequenos vexames – sério que eu realmente escrevi isso?? – acho que toda timeline tem um pouco de amizade antiga, pronta pra bater no seu ombro dizendo: lembra de como você era bizarro? Nossa memória nos escapa, fantasia coisas, omite fatos, mas um código binário não mente. Meu blog foi o terrível Grilo Falante da minha última década.

Sobre os outros blogueiros, posso dizer que vivo essa sensação de que as pessoas estão arrumando seus brinquedos e indo embora do play por motivo de “prefiro mídias líquidas que não deixem rastros e Deus me livre lembrarem de quem eu fui anteontem”. Eu, é claro, compreendo. Ainda assim, o Snapchat e o Stories que me perdoem, mas eu vou continuar por aqui mesmo, sentada sobre os arquivos que criei na Idade Média. Razão 1: eu fui alfabetizada antes de aprender a me filmar conversando sozinha com uma câmera. Razão 2: apesar de tudo, eu não quero que minhas histórias desapareçam. Acreditem, crianças, de qualquer forma a internet sabe o que vocês fizeram no verão passado. Acho que nunca mudei de plataforma por que sou meio tipo aquelas vovós que têm medo de apertar o botão errado no microondas e detonar uma bomba no Oceano Pacífico, mas principalmente por quê eu não quero que minhas ideias sejam deletadas em 24h. Eu quero ficar com tudo o que é meu. Não quero que evapore. Meu plano é sentar aqui bem bonita e continuar acumulando vexames para a posteridade.

Hoje este blog completa 10 anos e talvez o grande mérito dele seja esse mesmo – veja só – ainda estar vivo. Fico feliz de existirmos todos de modo simultâneo: eu, a internet, as pessoas que lêem, as pessoas que escrevem. Ao menos, as que ainda escrevem. As que eu ainda posso ler. As que ainda digitam divagações inúteis enquanto aguardam pela senha no balcão da existência. Que sorte a nossa, eu acho.

O blog agradece o carinho de todos. Até 2027. Um beijo.

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Maio está aí, inferno astral bombando e eu resolvi promover um evento no meu aniversário. Comecei pelo mais difícil: a lista de convidados.

Eu costumo dizer que fazer qualquer lista de convidados é sempre um exercício de controle de danos. Na impossibilidade de convidar todos, você acaba excluindo os mais fofos, os de alma iluminada que topariam ficar de fora sem criar um barraco. Quanto ao pessoal mais maledicente, vingativo, capaz-de-me-jogar-um-ebó, fazer o quê? Melhor não arriscar.

A minha lista de 10 maus elementos recebeu um convite que começava assim:

E todo mundo confirmou presença por que todo amigo meu adora essas convocações meio publicitárias. Acho que a parte mais demorada da preparação deste evento (entenda-se: 2 litros de guaraná + pãozinho = evento) foi selecionar essa foto. O garimpo de velharias era enorme. Eu havia selecionado outras ainda piores, minhas e dos tais convidados – que, por amor à vida, não posso publicar aqui – verdadeiras relíquias do constrangimento. A gente era feio demais. Estranhos demais. Socorro.

AaaAaAAAa rutinha é boa, aAAAaaAaa raquel é má

Rainha da Sucata feelings: piriguete since 1982

Do baú, escavei um retrato clássico onde estavamos juntos posando com o timer em modo de espera. O vento desequilibrou a máquina fotográfica que estava apoiada em cima do muro, ela dramaticamente cambaleou na nossa frente e fez o registro um segundo antes de cair no chão. A nossa cara ficou assim…

Impagável.

Outra foi feita num fim de festa, depois de perdermos a última carona, quando rolou um momento Porta dos Desesperados no ponto de ônibus às 5h da manhã em uma rua desconhecida. Tenso.

(Todo mundo lembra da Porta dos Desesperados, né? Aquele quadro no programa do Sérgio Malandro que persuadia as crianças a escolherem a porta errada e aí pulava um cara vestido de macaco lá de dentro? E depois ele abria a porta certa pra mostrar à criança tudo o que ela tinha perdido? Preciso fazer a analogia pobre ou todo mundo já entendeu? Ok, só checando).

Certamente, muitos outros fatos se perderam nos anais da história. Lembro que, na época, ouvíamos Legião Urbana, o Homem Aranha se pendurava nas Torres Gêmeas, o advento da foto digital era o máximo e frequentávamos sorveterias a quilo para beber refrigerante Taí. A Legião Urbana não existe mais, as Torres Gêmeas também não e qualquer referência à extinta marca “Taí” tornou-se uma palavra perdida num lado obscuro de um planeta muito distante. Do que eu gostava naquele período e, atualmente, continuo gostando? Talvez de foto digital. E sorvete.

A verdade é que eu não consigo lembrar de nada que me interessasse naquele tempo e que continue fazendo sentido hoje. E eu acho que existe algo de meio louco e meio mágico no fato de, por algum motivo, a gente ainda continuar fazendo sentido uns para os outros.

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