Saúde. Segurança. Fartura. Na sacristia, cada fiel costuma depositar um pedido ao pé da imagem. É a figura de um Cristo crucificado, numa expressão magra e imóvel que não parece inspirar ares de muita saúde. Ou segurança. Ou vida farta.
Ao lado, uma pintura da Santa Ceia. O cenário aonde os doze se reuniram antes de cada um tomar um rumo. Judas se matou logo depois. Os outros saíram levando aquela ideologia pelo mundo.
Eu soube que Mateus não quis negar a própria fé e morreu decapitado na Etiópia. Tomé foi esfaqueado pela mesma razão. João foi cozido em óleo. André morreu numa cruz. Paulo foi apedrejado. Jogaram Tiago do penhasco e, como ele sobreviveu, tiveram que espancar até a morte. Mas ninguém negou a fé. Todos foram até o fim.
Às vezes, me parece uma incoerência pedir proteção, saúde ou prosperidade aos pés da imagem de um homem crucificado. Por que, se a gente pensar bem, talvez essa nunca tenha sido a proposta.
Acho que, em oração, a gente devia pedir só coragem.