Ela era uma babá nos anos 50. Nas horas vagas, Vivian Maier saía para fotografar as ruas. Acho o trabalho dela lindo e sofisticado, mas gosto especialmente do fato dela ser a precursora das selfies.
O trabalho de Vivian me fez notar que as pessoas não registram suas vidas. Fazem fotos de viagens, de festas, de excessões. Este ano, passei a me fotografar nos lugares da minha vida real: no banco, no mercado, no espelho de segurança do estacionamento. Sem o propósito estético das selfies atuais, sem filtro. Também sem o talento nem a Rolleiflex da Vivian. Nem sei o que fazer com essas imagens. Ela também não sabia o que fazer com as dela e deixou tudo num baú trancadíssimo num sótão aleatório de Nova York.
Pois é, Vivian, acho que esse blog é o meu baú. Mas ele segue aberto. Aqui, num sótão aleatório da internet.