Trechos da obra O Spleen de Paris:
“Já viu alguma vez essas viúvas nesses bancos solitários, essas viúvas pobres? De luto ou não, é fácil reconhecê-las. Aliás, há sempre no luto do pobre algo que falta, uma ausência de harmonia que o torna mais pungente. É obrigado a economizar na dor. O rico ostenta a sua em grande estilo.” (pág. 44)
“Diga-me, minha alma, pobre alma arrefecida, que acharia de morar em Lisboa?” (pág. 48)
“Aquele que olha de fora através de uma janela aberta não vê nunca tantas coisas quanto aquele que olha uma janela fechada. Não há objeto mais profundo, mais misterioso, mais fecundo, mais tenebroso, mais radiante do que uma janela iluminada por uma vela. O que se pode ver à luz do sol é sempre menos interessante do que o que se passa por detrás de uma vidraça. Neste buraco negro ou luminoso vive a vida, sonha a vida, sofre a vida.” (pág. 115)
(Charles Baudelaire / O Spleen de Paris)