Archive for the ‘books on the table (literatura)’ Category
Torto Arado
Posted in books on the table (literatura), tagged falamarimiranda, literatura, livro, mariana miranda, texto, torto arado, trechos on janeiro 30, 2024| Leave a Comment »
Difíceis e caras
Posted in books on the table (literatura), tagged frases, literatura, Spinoza on julho 26, 2022| Leave a Comment »
Hemingway
Posted in books on the table (literatura), tagged hemingway, literarura, livro on março 19, 2022| 1 Comment »
Casa grande
Posted in books on the table (literatura), tagged casa grande, demora a limpar, literatura, mariana miranda, poesia, séculos, verso on outubro 19, 2021| Leave a Comment »
@Sulains
Esperando Godot
Posted in books on the table (literatura), choro baldes (arte), tagged filosofia, godot, literatura, mariana miranda on julho 1, 2021| Leave a Comment »
Livro: Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak
Posted in books on the table (literatura), tagged ailton krenak, blog mariana miranda, ideias para adiar o fim do mundo, literatura, livro, mariana miranda, resenha, trechos on abril 16, 2021| Leave a Comment »
“Fomos nos alienando desse organismo de que somos parte, a Terra, e passamos a pensar que ele é uma coisa e nós, outra: a Terra e a humanidade. Eu não percebo onde tem alguma coisa que não seja natureza. Tudo é natureza. O cosmos é natureza. Tudo em que eu consigo pensar é natureza.”
(pág. 16-17)
“Se já houve outras configurações da Terra, inclusive sem a gente aqui, por que nos apegamos tanto a esse retrato com a gente aqui?”
(pág. 58)
“O fim do mundo talvez seja uma breve interrupção de um estado de prazer extasiante que a gente não quer perder. Parece que todos os artifícios que foram buscados pelos nossos ancestrais e por nós têm a ver com essa sensação. Quando se transfere isso para a mercadoria, para os objetos, para as coisas exteriores, se materializa no que a técnica desenvolveu, no aparato todo que se foi sobrepondo ao corpo da mãe Terra. Todas as histórias antigas chamam a terra de Mãe, Pacha Mama, Gaia. Uma deusa perfeita e infindável, fluxo de graça, beleza e fartura. Veja-se a imagem da deusa grega da prosperidade, que tem a cornucópia que fica o tempo todo jorrando riqueza sobre o mundo… Noutras tradições, na China e na Índia, nas Américas, em todas as culturas mais antigas a referência é de uma provedora maternal. Não tem nada a ver com a imagem masculina ou do pai. Todas as vezes que a imagem do pai rompe essa paisagem é sempre para depredar, detonar e dominar.”
(pág. 60-61)
“Não tem fim de mundo mais iminente do que quando você tem um mundo do lado de lá do muro e um mundo do lado de cá, ambos tentando adivinhar o que o outro está fazendo. Isso é um abismo, uma queda. Então a pergunta a fazer seria: “Por que tanto medo assim de uma queda se a gente não fez nada nas outras eras senão cair?”.
(pág. 62)
“(…) no ciclo das navegações, quando se deram as saídas daqui para a Ásia, a África e a América -, é importante lembrar que grande parte daqueles mundos desapareceu sem que fosse pensada uma ação para eliminar aqueles povos. O simples contágio do encontro entre humanos daqui e de lá fez com que essa parte da população desaparecesse por um fenômeno que depois se chamou epidemia, uma mortandade de milhares e milhares de seres. Um sujeito que saía da Europa e descia numa praia tropical largava um rastro de morte por onde passava. O indivíduo não sabia que era um peste ambulante, uma guerra bacteriológica em movimento, um fim de mundo; tampouco o sabiam as vítimas que eram contaminadas. Para os povos que receberam aquela visita e morreram, o fim do mundo foi no século XVI.”
(pág. 70-71)
“(…) na frase célebre de Lévi-Stauss, “o mundo começou sem o homem e terminará sem ele”.
(pág. 84)
(Ailton Krenak / Ideias para adiar o fim do mundo, 2019)
Livro: Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior
Posted in books on the table (literatura), tagged itamar vieira júnior, jabuti, literatura, livro, mariana miranda, premiado, resenha, trechos on abril 13, 2021| Leave a Comment »
“Meu pai, quando encontrava um problema na roça, se deitava sobre a terra com o ouvido voltado para seu interior, para decidir o que usar, o que fazer, onde avançar, onde recuar. Como um médico à procura do coração.”
(pág. 100)
“Nessa horas eu, que tomei raiva de homem, que nunca mais quis deitar ou casar com homem, talvez deitasse de novo só para ter filhos, para ter com quem sentar para desfiar essas histórias que não me abandonam. Talvez lhes desse uma pilha de cadernos velhos, manchados de umidade da chuva, ou roído de traças, para que lessem e pudessem entender do que somos feitos.”
(pág. 170-171)
“Era o medo de quem foi arrancado do seu chão. Medo de não resistir à travessia por mar e terra. Medo dos castigos, dos trabalhos, dos sol escaldante, dos espíritos daquela gente. Medo de andar, de desagradar, medo de existir. Medo que não gostassem de você, do que fazia, que não gostassem do seu cheiro, do seu cabelo, da sua cor.”
(pág. 178)
(Itamar Vieira Júnior \ Torto Arado)
Nada disso é para você
Posted in books on the table (literatura), tagged mariana miranda, poema, poesia on março 16, 2021| Leave a Comment »
Falar de amor
como se fala de uma cidade
como se fala de um inseto
que apareceu no meio da noite.
Como se fala
de um sonho
de uma mentira
de um gato preto no telhado
do vizinho
de uma rede de pesca
de uma gota de chuva
do sofá da casa da minha avó.
Falar de amor como se fosse algo casual como contar um dois três cantar parabéns em aniversários dizer saúde depois de um espirro e bom dia depois de acordar e boa noite antes de dormir como se fala oi tudo bem e se responde tudo e como você e se diz quanto tempo passe em casa que saudade vamos nos falando.
Então continuar a falar de amor
como se esse fosse
o único assunto possível.
Por que é.
(Clarissa Sabino / Nada disso é para você)
Caprichos
Posted in books on the table (literatura), tagged blog, caprichos, mariana miranda, Paulo Leminski, poema, poesia on março 15, 2021| Leave a Comment »
Eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora.
Quem está por fora
não segura
um olhar que demora.
De dentro de meu centro
este poema me olha.
(Paulo Leminski / Caprichos)
Raramente penso em ti
Posted in books on the table (literatura), tagged Anna Akhmatova, literatura, literatura russa, mariana miranda, poema, poesia on janeiro 26, 2021| Leave a Comment »
“Raramente penso em ti.
Teu destino pouco me interessa.
Mas de minha alma ainda não se apagou
o brevíssimo encontro que tivemos.
Evito, de propósito, tua casinha vermelha,
tua casinha vermelha junto ao rio lamacento;
mas bem sei com que amargura
perturbo a tua ensolarada quietude.
Embora não te tenhas inclinado sobre mim
suplicando-me que te amasse,
embora não tenhas imortalizado
o meu desejo em versos dourados,
secretamente lanço encantamentos para o futuro,
sempre que as noites são de um azul profundo,
e tenho a premonição de um segundo encontro,
um inevitável segundo encontro contigo.”
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(da russa Anna Akhmátova, no poema “Raramente Penso em Ti”, de 1913, tradução de Lauro Machado Coelho)