“Não haverá mais morte, nem tristeza,
nem choro, nem dor.”
(Ap 21:4)
Apesar de tudo, existe a cura. Não esta cura que nós conhecemos, contra os males do corpo ou da alma, mas uma outra, remédio para estes dias de fúria consumidos por buzinas, sirenes, mentiras, britadeiras e solidão dentro da multidão perdida. Mesmo que a fé e a vontade tateiem desorientadas dentro do lixo urbano e que Salvador também te pareça a cidade mais suja do país mais pobre do planeta mais desassistido. Estamos tristes e cansados, eu sei. Mas ainda é necessário falar sobre ela – sobre a cura.
A nós, povo enganado pelos reis, pelos búzios e pelos astros, resta a cura. Há cura para aquele pedestre passando sobre a passarela do transbordo. Para a moça vendendo flores num balde de plástico e para o religioso pregando aos gritos na estação da Lapa. Há salvação para as crianças que fogem de casa, para os loucos falando sozinhos nas ruas, para os torcedores de futebol e para os palhaços tirando e recolocando a maquiagem todos os dias no Picolino.
Desde antes, já havia cura. Para Dulce e para a quadrilha de ciganos roubando ouro na Parafuso, para a saudade, para Maria Quitéria, para os maratonistas de 1970. E, mesmo hoje, ainda há chance para o artista amador que não tem a quem mostrar as suas criações e para os namorados que usam os adjetivos no diminutivo. Alguém avise àquele garçom que resiste acordado até o último cliente do Pub´s, ele não sabe, ele precisa tanto saber. E também à professora do supletivo voltando em pé no circular, aos médicos plantonistas em Cajazeiras, às damas da noite, aos garis. Avisem a eles que há cura, antes que eles esqueçam, antes que todos esqueçam, inclusive nós mesmos.
Digam aos idosos jogando baralho na Penha e aos jovens rodando nos shoppings por vício e por tédio. Ao retirante recém-chegado que não sabe aonde ir, às baianas de acarajé, às famílias racistas da Pituba e aos peixes do dique. Antes da embriaguez do carnaval, antes do fervor das novenas, esta paz virá sobre a Baía de Todos os Santos, mesmo que eles já nem sejam tantos. Mística. Plena.
Pense na cura mesmo enquanto a capital enlouquece – enquanto há caos no tráfego das seis, enquanto corre sangue nas pedras do Pelourinho e o Governo inventa novos impostos. Enquanto os meninos pedem nas sinaleiras, tão escravos quanto antes. Enquanto crescem os degraus entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa.
Pense na cura e reze baixinho por todos nós que aqui vivemos. Ou até procure nos céus um sinal – ele pode ser uma estrela, uma luz, qualquer coisa. Se ele estiver lá, agradeça muito a Deus: é a cura que descerá qualquer dia sobre todos nós livrando-nos do mal, da miséria e da corrupção, é a salvação prometida que chegará a qualquer hora, a qualquer momento e para todos.
Mas, se ele não estiver lá, agradeça ainda mais. Foi a cura que, enfim, desceu do alto sobre Salvador pouco antes de você observar. Num milagre absurdo. Como quase tudo que acontece por aqui.
Menina querida….
A cura vai chegar. E o tempo é esse….
É tempo do novo…tempo da abertura de coração, de abraçar as coisas, tempo de recomeçar, tempo de não olhar pra trás…
É tempo do advento, é Cristo que vem…A nossa Salvação! A nossa CURA!
Bjs,
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Que Deus diga amém!! Conheces a Bahia, hem
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Amiga!!!
Gostaria de fazer mais um protesto!!! Eu quero novos textos, urgente!!!rs…
Diga ano, dia e hora da próxima publicação!!
Bjs!
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Mariana,
Você transformou Salvador em palavras. Difícil a tarefa de não ter a mente bombardeada por imagens exatas das realidades que você destacou. É um prazer para quem ama a cidade e está longe dela.
Parabéns pela sensibilidade e escrita.
Voltarei outras vezes.
Sucesso.
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ADOREII ! muitoo bommm mesmo
mas tbm concordo c Allysson ;D
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Tá criando o mofo?
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Mariri
Amei, achei muito bom, li de um folego só.
Maravilhoso, me toca muito sua sensibilidade.
bjs
Tânia
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Oxente, cadê o “poste” novo mamãe?
eu não escrevo, mas eu leio! hehheh
clareia aê, minha senhora!
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Maravilhoso…isso q é talento….e
o tema na poderia ser mais providencial. Parabéns!!
bjs!
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Existem tantas constelações, oriôn e a minha preferida, mas existem estrelas que nos guiam aqui mesmo no planeta terra é só observar com um pouquinho mais de atenção e decidir se quer ou não ser guiado pela estrela ou varias estrelas que apontem para a mesma direção.
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Esse texto é fenomenal.
Eu, que não sou da Bahia, me senti arrebatada.
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Já estava com saudade dos teus textos!
Existe uma cura, e eu penso, rezando baixinho…
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