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Posts Tagged ‘cidades’

Ex-freira inglesa, uma das maiores historiadoras do nosso tempo, estuda a raiz dos conflitos religiosos entre os povos do mundo inteiro. Minha aposta para o Nobel da Paz de 2016.

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“Deus, Brahma, Nirvana. Não importa quais sejam as nossas opiniões teológicas, todos experimentamos algo semelhante quando ouvimos uma grande peça musical ou lemos um belo poema, e nos sentimos tocados por dentro, guindados para cima de nós mesmos. Tendemos a procurar esta experiência e, se não a encontramos em um local – numa igreja, por exemplo, ou numa sinagoga – buscamos em outro.”
Pág. 14

“Isso se deve, em parte, a nossa visão do mundo como um vale de lágrimas. Somos vítimas de desastres naturais, mortalidade, extinção, injustiça, crueldade. A busca religiosa geralmente começa com a constatação de que, como disse Buda, ‘a existência é errônea’. (…) Esta sensação de perda já foi expressa de muitas maneiras, evidencia-se na imagem platônica da alma gêmea da qual fomos separados ao nascer e no mito universal do paraíso perdido.”
Pág. 15

“Essa busca pelo sagrado e o culto a um local santo se relacionava com a nostalgia do paraíso. Quase todas as culturas possuem o mito da Idade de Ouro no começo dos tempos, quando a comunicação com os deuses era fácil e íntima.”
Pág. 32

“A história das religiões mostra que, em épocas de crise ou se convulsão social, as pessoas se voltam mais prontamente para o mito do que para as formas mais racionais de fé. Como uma espécie de psicologia, o mito consegue penetrar mais fundo que o discurso cerebral e tocar a causa obscura do sofrimento nas esferas íntimas do nosso ser. Mesmo hoje, vemos que o exílio vai além da simples mudança de endereço. É também um deslocamento espiritual. Tendo perdido seu lugar no mundo, os exilados podem sentir-se à deriva num mundo que, de repente, se tornou estranho. Sem o ponto fixo da ‘pátria’, uma desorientação fundamental faz tudo parecer relativo e sem sentido.”
Pág. 114

“Quando vemos um lugar onde ocorreu alguma coisa importante para nós, desaparece a lacuna entre o passado e o presente, que as simples informações verbais não conseguem eliminar.”
Pág. 232

“O processo de cavar o solo e chegar a uma santidade enterrada, então inacessível, constituía em si mesmo um importante símbolo de busca de cura psíquica. (…) Freud logo percebeu a relação entre a Arqueologia e a Psicanálise.”
Pág. 490

“Todavia, como demonstra a longa e trágica história de Jerusalém, nada é permanente ou garantido. As sociedades que sobreviveram por mais tempo foram as que se dispuseram a algum tipo de tolerância.”
Pág. 514

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(Karen Armstrong / Uma Cidade, Três Religiões)

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