Feeds:
Posts
Comentários

Posts Tagged ‘estudo’

“O imaginário é algo como o estado de espírito de um grupo, de um país, de um Estado-nação, de uma comunidade, é o cimento social.” (pág. 65)

“Um dedo é apenas um dedo integrado a uma mão, e essa mão a um braço, e esse braço a um corpo. Mas, no momento em que se coloca no dedo um anel que marcará o status matrimonial de uma pessoa, esse dedo muda de posição. Continua a ser um dedo, mas é ao mesmo tempo muito mais que isso.” (Roberto da Matta) (pág. 69)

“O ritual está sempre dizendo alguma coisa sobre algo que não é o próprio ritual” (Hermano Vianna) (pág. 70)

“Existe uma frase, do poeta russo Vladimir Maiakovski, que abre um caminho interessante nas discussões sobre imaginário e turismo: “dizem que, em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz”. Embora provavelmente não tenha sido escrita com intuitos turísticos, a reflexão do poeta, falecido em 1930, demonstra a relação entre o aqui e o lá, quando depositamos todas as nossas esperanças no que está afastado de nós: a felicidade, nunca presente, mas sempre adiada no depois e no distante.” (pág. 81)

“Todo destino turístico é construído a partir de um imaginário coletivo. A força de atração, como o próprio nome atrativo turístico sugere, não está no elemento em si, não lhe é inerente, mas se encontra nas imediações, ou seja, no discurso que desenvolvemos para nos ligarmos a ele.” (pág. 84)

“Na relação entre turismo e imaginário, há a consagração daquilo que está longe de nós, uma distância exótica que pode ser temporal, espacial ou a compreensão simbólica do outro.” (pág. 84)

“O conceito de diáspora oferece uma crítica dos discursos de origens fixas, ao mesmo tempo em que leva em conta um desejo pelo lar, que não é a mesma coisa que o desejo pela terra natal.” (Avtar Brah) (pág. 125)

“Uma identificação que se pode chamar de topofilia é o elo entre a pessoa e o lugar ou ambiente físico. Na fenomenologia da imaginação, topofilia designa o exame de imagens do espaço feliz.” (pág. 148)

(Nara Maria Carlos de Santana / Turismo entre Diálogos)

Read Full Post »

Ex-freira inglesa, uma das maiores historiadoras do nosso tempo, estuda a raiz dos conflitos religiosos entre os povos do mundo inteiro. Minha aposta para o Nobel da Paz de 2016.

.
“Deus, Brahma, Nirvana. Não importa quais sejam as nossas opiniões teológicas, todos experimentamos algo semelhante quando ouvimos uma grande peça musical ou lemos um belo poema, e nos sentimos tocados por dentro, guindados para cima de nós mesmos. Tendemos a procurar esta experiência e, se não a encontramos em um local – numa igreja, por exemplo, ou numa sinagoga – buscamos em outro.”
Pág. 14

“Isso se deve, em parte, a nossa visão do mundo como um vale de lágrimas. Somos vítimas de desastres naturais, mortalidade, extinção, injustiça, crueldade. A busca religiosa geralmente começa com a constatação de que, como disse Buda, ‘a existência é errônea’. (…) Esta sensação de perda já foi expressa de muitas maneiras, evidencia-se na imagem platônica da alma gêmea da qual fomos separados ao nascer e no mito universal do paraíso perdido.”
Pág. 15

“Essa busca pelo sagrado e o culto a um local santo se relacionava com a nostalgia do paraíso. Quase todas as culturas possuem o mito da Idade de Ouro no começo dos tempos, quando a comunicação com os deuses era fácil e íntima.”
Pág. 32

“A história das religiões mostra que, em épocas de crise ou se convulsão social, as pessoas se voltam mais prontamente para o mito do que para as formas mais racionais de fé. Como uma espécie de psicologia, o mito consegue penetrar mais fundo que o discurso cerebral e tocar a causa obscura do sofrimento nas esferas íntimas do nosso ser. Mesmo hoje, vemos que o exílio vai além da simples mudança de endereço. É também um deslocamento espiritual. Tendo perdido seu lugar no mundo, os exilados podem sentir-se à deriva num mundo que, de repente, se tornou estranho. Sem o ponto fixo da ‘pátria’, uma desorientação fundamental faz tudo parecer relativo e sem sentido.”
Pág. 114

“Quando vemos um lugar onde ocorreu alguma coisa importante para nós, desaparece a lacuna entre o passado e o presente, que as simples informações verbais não conseguem eliminar.”
Pág. 232

“O processo de cavar o solo e chegar a uma santidade enterrada, então inacessível, constituía em si mesmo um importante símbolo de busca de cura psíquica. (…) Freud logo percebeu a relação entre a Arqueologia e a Psicanálise.”
Pág. 490

“Todavia, como demonstra a longa e trágica história de Jerusalém, nada é permanente ou garantido. As sociedades que sobreviveram por mais tempo foram as que se dispuseram a algum tipo de tolerância.”
Pág. 514

.

(Karen Armstrong / Uma Cidade, Três Religiões)

Read Full Post »