“Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).”
(Fernando Pessoa / Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio)
Posted in books on the table (literatura), tagged falamarimiranda, fernando pessoa, literatura, mariana miranda, poema, poesia, Ricardo Reis, trecho, verso on janeiro 30, 2018| Leave a Comment »
“Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).”
(Fernando Pessoa / Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio)
Posted in books on the table (literatura), tagged falamarimiranda, hilda hilst, literatura, mariana miranda, poema, poesia on dezembro 6, 2017| Leave a Comment »
“Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo.
Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há um tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.”
.
(Hilda Hilst / Dez Chamamentos ao Amigo, uma série de poemas do livro “Júbilo, memória, noviciado da paixão”, de 1974)
Posted in choro baldes (arte), tagged canção, falamarimiranda, Leonardo Cohen, letra, mariana miranda, música, poema, poesia on novembro 30, 2017| Leave a Comment »

“Entre os milhares conhecidos
Ou que querem ser conhecidos
Como poetas
Talvez um ou dois
Sejam genuínos
E os outros são falsos
Percorrendo os sagrados recintos
Tentando parecer verdadeiros.
Nem preciso dizer
Que eu sou um dos falsos
E que essa é a minha história.”
(Leonardo Cohen / Milhares)
Posted in books on the table (literatura), tagged charles bukowski, falamarimiranda, Hino da Tormenta, literatura, mariana miranda, poema, poesia, Relógio na Parede on novembro 22, 2017| Leave a Comment »
“Eles acharam que eu tinha peito
Que não conhecia medo algum
Mas entenderam tudo errado.
Apenas é que eu estava com medo
de coisas muito mais importantes.”
(Charles Bukowski / Relógio na Parede, no poema Hino da Tormenta)
Posted in books on the table (literatura), tagged charles bukowski, literatura, livro, mariana miranda, poema, poesia on setembro 30, 2017| Leave a Comment »
“Se vai tentar, tente até o fim. Caso contrário, nem comece. Isso pode significar perder amores, casamento, parentes e até mesmo a sua própria cabeça. Pode significar não comer durante três ou quatro dias. Pode significar congelar num banco de jardim. Pode significar prisão, escárnio, isolamento. A solidão é até uma dádiva. Todos os outros são um teste à sua resistência, do quanto você realmente quer fazê-lo. E tu vais fazê-lo, apesar da rejeição e das piores hipóteses. E será melhor do que qualquer outra coisa que você possa imaginar. Se vai tentar, vá até o fim. Não há outra emoção como essa. Você vai ficar sozinho com os deuses e as noites queimarão como o fogo. Insista, insista, insista. Você cavalgará pela vida direto para a gargalhada perfeita. Esta é a única boa luta que existe.”
(Charles Bukowski / Jogue os Dados)
Posted in books on the table (literatura), tagged alberto caeiro, fernando pessoa, literatura, mariana miranda, poema, poemas inconjuntos, poesia, portuguesa on setembro 11, 2017| Leave a Comment »
“Quando vier a primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.”
(Fernando Pessoa / Poemas Inconjuntos, 1946)
Posted in books on the table (literatura), tagged charles bukowski, literatura, livro, mariana miranda, música, poema, poesia on maio 29, 2017| Leave a Comment »
“A porta estava trancada
E o universo
Tocava a minha música.”
(Charles Bukowski / Hino da Tormenta)
Posted in books on the table (literatura), tagged arnaldo antunes, literatura, livro, mariana miranda, poema, poesia on março 28, 2017| Leave a Comment »

“O que você mais teme acaba acontecendo.
O que você mais quer acaba acontecendo.
O que ninguém espera acaba acontecendo.
O que ninguém consegue mais conter
acaba de acontecer.”
(Arnaldo Antunes / Agora aqui ninguém precisa de si)
Posted in books on the table (literatura), tagged álvaro de campos, fernando pessoa, mariana miranda, poema, poesia, tabacaria on março 27, 2017| Leave a Comment »
“Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas (…)
Não, não creio em mim
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas! (…)
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta (…)
Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu (…)
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim, não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo.”
.
(Fernando Pessoa / Tabacaria)
Posted in books on the table (literatura), tagged literatura, mariana miranda, mia couto, moçambique, poema, poesia on janeiro 31, 2017| Leave a Comment »
“Diz o meu nome
pronuncia-o
como se as sílabas te queimassem
os lábios
sopra-o com a suavidade
de uma confidência
para que o escuro apeteça
para que se desatem os teus cabelos
para que aconteça
Porque eu cresço para ti
sou eu dentro de ti
que bebe a última gota
e te conduzo a um lugar
sem tempo nem contorno
Porque apenas para os teus olhos
sou gesto e cor
e dentro de ti
me recolho ferido
exausto dos combates
em que a mim próprio me venci
Porque a minha mão infatigável
procura o interior e o avesso
da aparência
porque o tempo em que vivo
morre de ser ontem
e é urgente inventar
outra maneira de navegar
outro rumo, outro pulsar
para dar esperança aos portos
que aguardam pensativos
No húmido centro da noite
diz o meu nome
como se eu te fosse estranho
como se fosse intruso
para que eu mesmo me desconheça
e me sobressalte
quando suavemente
pronunciares o meu nome.”
(Mia Couto / Raiz de Orvalho)