“Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor.”
(Johann von Goethe)

(Cidade de Serrinha, Bahia, 29 graus, sem filtro)
Posted in books on the table (literatura), tagged Goethe, mariana miranda, rosas on março 23, 2016| Leave a Comment »
“Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor.”
(Johann von Goethe)

(Cidade de Serrinha, Bahia, 29 graus, sem filtro)
Posted in havaiana de pau (day life), tagged mariana miranda, saramago on março 14, 2016| Leave a Comment »
Por tempos, eu tive um pesadelo recorrente: eu estava visitando as redes sociais e acabava curtindo uma postagem sem querer. Passava o dia sem perceber o engano. Porém, o conteúdo causava estarrecimento entre meus conhecidos, ficava um mal estar à minha volta que eu não conseguia compreender: eles não tocavam no assunto, eu não tocava no assunto, o tempo passava e o resto do sonho ia perdendo o áudio. As pessoas gaguejavam e iam perdendo a voz. E o mundo mergulhava num completo silêncio.
Detalhe: jamais descobri qual era o conteúdo da postagem. Talvez nem importe. O meio é a mensagem.
Saramago, me abraça.
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Posted in books on the table (literatura), tagged alejandro zambra, chile, literarura, livro, mariana miranda on março 1, 2016| Leave a Comment »
“Às vezes, Fernando é uma mancha na vida de Daniela; mas quem não é, de vez em quando, uma mancha na vida de alguém?” (Pág. 12)
“Como representar o que acontece enquanto conversam? O que deixam de dizer um para o outro, aquele fundo de censuras tímidas, de minúcias, que se agita enquanto falam? Como iluminar as áreas que ambos decidiram deixar às escuras? Depois de uma época difícil, decidiram retornar ao pacto de não agressão, à indireta cumplicidade dos que estão conscientes de partilhar apenas um fio de vida.” (Pág. 76)
“- Você já quis ser professor de educação física?
– Não.
– Já quis fazer parte do Greenpeace?
– Não.
– Já quis ser outra coisa?
– É, a gente sempre quer ser outra coisa, Daniela. A gente nunca está contente com o que é. Seria estranho estar completamente contente.” (Pág. 90)
(Alejandro Zambra / A Vida Privada das Árvores)
Posted in books on the table (literatura), raspas e restos (crônicas), tagged chopin, leonid afremov, literatura, mariana miranda on fevereiro 23, 2016| 4 Comments »

Faz um tempo que eu acompanho o trabalho de Leonid Afremov. É aquele pintor de origem bielorrussa que usa cores berrantes para retratar paisagens de inverno. Gosto dos quadros dele, mas, principalmente, gosto dos nomes que ele escolhe para os quadros dele. Queda de Ouro, O Fim da Paciência, Juntos na Tempestade, Antecipação, Jogos Perigosos, Mágica Antiga etc. Uma tela, quando ganha um título assim, faz a gente imaginar histórias por trás da cena.
Na música, acho que o campeão em títulos poéticos é o Chopin: Noturno, Tristesse, Valsa Minuto, Fantasia de Improviso. Acho que Grande Valsa Brilhante faz pensar num romance vitoriano.
Imagino cenários e enredos também no supermercado, na lanchonete, já reparou em como batizam as tortas de doceria? Pecado de Damasco, Merengue à Moda Antiga, Cabelo de Anjo Dourado sob Pêssegos da Macedônia. Acho lindo. E os rótulos de vinho? Tributo Vintage Reserva, Um Sonho Espanhol, Lágrima Cristã dos Feudos Rosados de São Gregório. Há nomes de condomínios residenciais, de pacotes de viagem, slogans de iogurte importado – tantos títulos interessantes esperando por uma história.
É um mundo de hipóteses discretas. Eu vejo literatura em todas as coisas.
Posted in books on the table (literatura), tagged drummond, mariana miranda on fevereiro 5, 2016| Leave a Comment »

“Discretos, silenciosos,
chegaram os dias lindos.”
(Carlos Drummond de Andrade / Os Dias Lindos)
Posted in books on the table (literatura), tagged a insustentável leveza do ser, literatura, livro, mariana miranda, milan kundera on fevereiro 3, 2016| 1 Comment »
“Essa vida é tão importante quanto uma guerra entre dois reinos africanos do século XIV, que não alterou em nada a face do mundo, embora trezentos mil negros tenham encontrado nela a morte depois de suplícios indescritíveis.” (Pág. 09)
“Metáforas são uma coisa perigosa. Não se brinca com uma metáfora. O amor pode nascer de uma simples metáfora.” (Pág. 16)
“Não só ela se parecia fisicamente com a mãe, mas tenho às vezes a impressão de que sua vida foi um mero prolongamento da vida da mãe, do mesmo modo que a trajetória uma bola de bilhar é o prolongamento do gesto executado pelo braço do jogador.” (Pág. 45)
“Será que um acontecimento não se torna mais importante e carregado de significação se depende de um número maior de acasos? Só o acaso pode nos parecer uma mensagem.” (Pág. 51)
“Para que um amor seja inesquecível, é preciso que os acasos se encontrem nele desde o primeiro instante, como os pássaros nos ombros de São Francisco de Assis.” (Pág. 52)
“Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual logo nos defendemos, aterrorizados.” (Pág. 61)
“Quem vive no exterior caminha num espaço vazio acima do solo sem a rede de proteção que o país de origem estende a todo ser humano, onde ele tem família, colegas, amigos e onde é compreendido sem dificuldade no idioma que sabe falar desde a infância.” (Pág. 75)
“Franz notou que a mãe estava com sapatos descasados. Ficou confuso e quis avisar, temendo ao mesmo tempo magoá-la. Passeou com ela duas horas pelas ruas sem poder despregar os olhos dos seus pés. Foi então que começou a compreender o que é o sofrimento.” (Pág. 90)
“Vivemos os dois em escalas diferentes. Você entrou na minha vida como Gulliver no país dos anões.” (Pág. 102)
“O objetivo que perseguimos é sempre velado. Uma jovem que quer se casar quer uma coisa que lhe é totalmente desconhecida. O jovem que corre atrás da glória não tem nenhuma ideia do que seja a glória. O que dá sentido à nossa conduta sempre é totalmente desconhecido para nós.” (Pág. 122)
“Os regimes criminosos não foram feitos por criminosos, mas por entusiastas convencidos de ter descoberto o único caminho para o paraíso. Defendiam corajosamente esse caminho, executando para isso centenas de pessoas. Mas tarde ficou claro que o paraíso não existia e que, portanto, os entusiastas eram assassinos.” (Pág. 172)
“- O que você está olhando?
– Estou olhando as estrelas, respondeu.
– Não minta, você não está olhando as estrelas, está olhando para o chão.
– É que estamos num avião, as estrelas estão embaixo de nós.” (Pág. 235)
“No começo do Gênese, está escrito que Deus criou o homem para que ele reinasse sobre os pássaros, os peixes e os animais. É claro, o Gênese foi escrito por um homem e não por um cavalo.” (Pág. 279)
“Um dia, tomamos uma decisão, sem nem mesmo saber por quê, e essa decisão tem sua própria força de inércia. A cada ano que passa, fica mais difícil mudá-la.” (Pág. 302)
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(Milan Kundera / A Insustentável Leveza do Ser)
Posted in books on the table (literatura), tagged fiódor dostoiévski, livro, mariana miranda on janeiro 29, 2016| Leave a Comment »
“O meu coração se debatia como uma ave engaiolada.” (Pág. 19)
“Um novo sonho, nova felicidade. Novo, requintado e doce veneno.” (Pág. 39)
“Por que, quando somos infelizes, ficamos mais aptos a compreender o sofrimento alheio.” (Pág. 67)
(Fiódor Dostoiévski / Noites Brancas)
Posted in gêmea má (maledicências), tagged drogas, festas, mariana miranda on janeiro 28, 2016| Leave a Comment »
Posted in havaiana de pau (day life), tagged mariana miranda, meditação on janeiro 27, 2016| 2 Comments »
Mas tem que meditar. Por que a ciência recomenda, por que é o que todos dizem, basta melhorar a postura, fechar os olhos: vegetal, vegetal. Você pode começar imaginando um lugar bonito. Imaginou? Mas não um lugar que você já conhece, nem que quer conhecer, um lugar abstrato e bonito. Pode pensar também nas pessoas. Ninguém específico, pessoas do ponto de vista coletivo, na humanidade, um planeta repleto de pessoas girando sozinho no escuro do universo. Sinta o tempo passando por elas. Nem o seu passado, nem o seu futuro, apenas o tempo deslizando de leve – um momento presente metafísico, ponteiro de relógio marcando agora, agora, agora. Medite de verdade centrando-se na sua própria essência. Para além dos rótulos, dos papéis sociais, família, religião, carreira, personalidade – o que sobra, meu Deus? – pense nesse fantasminha translúcido chamado ‘essência de você mesmo’, seja lá o que signifique isso. Respire: vegetal, vegetal. Não abra os olhos. Não peça ajuda ao mundo. Não se agarre desesperadamente aos lugares habituais, às pessoas conhecidas, a um passado seguro. Encontre a paz dentro deste você desfragmentado e vazio, garimpe a razão da sua existência no vácuo. Você, o seu próprio Buda. Você, o seu melhor amigo. Fantasminha translúcido e autossuficiente. Não peça ajuda a ninguém. Confie no seu próprio umbigo.
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Se, um dia, alguém tiver êxito, explique-me como.
Posted in choro baldes (arte), tagged carol, filme, mariana miranda on janeiro 21, 2016| Leave a Comment »
Meu Oscar 2015 para fotografia e trilha sonora.
Desses filmes que fazem valer a premissa de “quem não entende um olhar não vai entender uma longa explicação”.
(Todd Haynes / Carol)